Brasileiras que estudaram na França trabalharam na reforma da Notre-Dame
A catedral de Notre-Dame, em Paris, foi reaberta oficialmente no fim de semana, depois de cinco anos em obras. Em 2019, um incêndio atingiu a célebre igreja.
Pelo menos três brasileiras trabalharam na reforma da Notre-Dame, um dos principais símbolos da capital francesa, que é patrimônio mundial da UNESCO desde 1991. Duas delas continuaram seus estudos na França.
Responsável pela preservação das relíquias da catedral – que inclui esculturas e pinturas –, Carolina Ferreira cursou museologia na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e se mudou para a França para fazer mestrado. À Folha de S.Paulo, ela disse que foi um caminho natural, devido à forte influência francesa em sua área de atuação.
Ela também deu um depoimento à Embaixada do Brasil na França sobre a experiência.
"Quando surgiu a oportunidade de trabalhar em Notre Dame, eu sabia que ia viver um dos momentos mais importantes da minha carreira."
Em entrevista para o jornal O Globo, Carolina afirmou que guarda com carinho especial a lembrança de quando a estátua de Virgem Maria e o menino Jesus voltou ao local de origem.
“Ela se tornou um marco dessa reconstrução, porque ficava exatamente onde caiu a estrutura de madeira que queimou durante o incêndio. Mesmo frágil, ela ficou intacta e sem nenhum arranhão. Retornar ela para seu lugar foi muito especial, como se estivéssemos fechando um ciclo de restauração e começando uma nova vida da catedral”, contou.
Juliana Cavalheiro Rodrighiero, doutora em Antropologia pelo Laboratoire Interdisciplinaire de Recherches Sociétés, Sensibilités, Soin (LIR3S) junto à Université de Bourgogne Franche-Comté, na França, trabalhou na restauração de pinturas murais das capelas Porte Rouge e Saint-Germain, além da finalização da restauração dos móveis da sacristia.
"Na capela Porte Rouge, acompanhei o trabalho desde o início, participando de todas as etapas: higienização, fixação, aplicação de massa niveladora, verniz e reintegração cromática. Essa capela, particularmente afetada pelo incêndio e pela umidade, exigiu esforços intensos para recuperar suas cores e ornamentos, como os tons vibrantes e as estrelas douradas", disse ela, que também é doutora em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), à RFI.
Ela relatou que não conhecia a catedral pessoalmente, e acompanhou o incêndio ainda no Brasil. Na primeira vez que entrou no local, ficou emocionada. “Vê-la danificada foi uma experiência emotiva, misturando orgulho e responsabilidade.”
Já Luciana Lemes fez parte da equipe de restauração e afinação do órgão da Notre-Dame, que foi construído pelo francês Aristide Cavaillé-Coll (1811-1899), uma referência. “Contribuir para a música de Notre-Dame e para a preservação desse instrumento tão especial é algo que me enche de orgulho e gratidão”, disse à RFI.
14 milhões de visitantes por ano
A catedral está se preparando para receber mais de 14 milhões de fiéis e visitantes por ano. Segundo o site oficial da Notre-Dame, o percurso dos turistas foi redesenhado a partir da entrada, pelo portão central. Ainda haverá obras no exterior e nos arredores.
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- Site oficial da Notre-Damehttps://www.notredamedeparis.fr/en/
- Matéria da Folha de S.Paulohttps://www1.folha.uol.com.br/mundo/2024/12/museologa-brasileira-e-responsavel-pelo-acervo-da-notre-dame.shtml
- Matéria do Jornal O Globohttps://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/12/09/pariscambi-conheca-a-museologa-da-baixada-fluminense-que-trabalhou-na-restauracao-da-catedral-de-notre-dame-em-paris.ghtml
- Matéria da RFIhttps://www.rfi.fr/br/podcasts/reportagem/20241204-brasileiras-contam-como-foi-restaurar-capelas-sacristia-e-%C3%B3rg%C3%A3o-da-catedral-notre-dame-de-paris